caminho na praia sem sair do lugar
(o dinheiro como valor de todas as coisas)
o filme martelando os passos:
as faxineiras limpando as botas sujas de sangue dos nazistas
as faxineiras limpando o museu do holocausto
as faxineiras limpando nossas casas
(mais felizes que nós?)
os indígenas morrem
a inflação aumenta
o poema nasce
(compre bitcoin)
poesia - fabio rocha
26/04/2024
poeta bom, meu bem, poeta morto (zona de interesse)
23/04/2024
resumo da vida administrativa administrada
eu minto em pesquisas de satisfação:
vejo defeito em tudo
mas não perco o coffee break do próximo treinamento
10/04/2024
rest in peace (o que resta)
a infância se foi mas ainda consigo escrever
o amor se foi mas ainda consigo esperar
05/04/2024
líquidos
os amores
possíveis:
os impossíveis
14/03/2024
nutrólogo
o pão aumenta minha fome
(a farinha, a batata, o arroz, o açúcar...)
perdi 20 quilos e a paciência
com tantos milionários no youtube querendo me vender curso
(foco na alta do bitcoin)
22/02/2024
ambos com um sorriso lindo
e se a paixão for ver o imaginário realizado?
mesmo que passe
mesmo que mude
mesmo que acabe
ambos com um sorriso lindo
14/02/2024
fatalidade (arte)
um novo olhar
como um arrepio de magia
breve
muito breve
e voltar a rimar com banalidade
20/01/2024
frances ha (a indesejada das gentes ou o crepúsculo de todos os nossos dias)
o estar em comunhão com alguém
e você se apaixona pela personagem, pelo filme, pela vida
e busca no google o nome da atriz
e vê que é casada
como aquelas músicas tão tristes que são bonitas
tão bonitas que são tristes
como aquela pintura de matisse
de uma rua em acruiel que nos adivinha o crepúsculo
(sem nenhuma pessoa)
como o mais profundo desamparo
08/01/2024
rimas em ar
a dor no ombro pode ser no videogame
e de atender online
e de digitar poemas
e de respirar
nessas infinitas possibilidades
após reclamar melhoro
estranho uma nesga de felicidade solar
caminhando e suando pelo bairro quente
sem um flerte para motivar
05/01/2024
os dez livros de pedrobial com capa dura
um rio de lava
querendo romper crostas
rio
o poema erupe do sonho
(espinha)
pedrobial dava aula e conversava comigo
como se fosse íntimo
e fala do seu livro
e eu pego na livraria
e reclamo do excesso de opções de produtos em todos os cantos
para ser filosófico
(todos concordam)
pedrobial fala mais do seu novo livro com capa dura e imagens
folheio e elogio as gravuras
acho a poesia direta e curta e digo
ele explica que continua na próxima página
e na verdade são doze livro de cem páginas de um poema só
e disfarço e pergunto ao cara da xerox da ufrj que abandonei o preço:
(abandono o livro e o pedrobial pra ir pra próxima aula)
antes pergunto se tá vendendo bem
pois meus livros sempre venderam muito pouco pros meus planos de grandiosidade
ele ainda diz: isso irmana os poetas
pra próxima sala
a professora começa a ler um trecho de algo absolutamente dela
e meu coração se abre e ouve
e tudo é ela
acho que nessa hora eu era o indianajones
e a menina grávida a meu lado com a mãe ajudando com o bebê
se decepciona comigo e levanta dando ataque com a matriarca
e eu vou pro fundo da sala
na esquerda
focar no filme que passa no quadro negro
com outros alunos alheios à cena
tentando parecer intelectuais focados
os banheiros da faraônica ufrj são feios e sujos
tudo é longe
mas volto do sonho pra cama e pro poema digitado
lembrando de bukowski chutando a novinha
e digitando com vontade de
acordar
03/01/2024
21/12/2023
o ano finda
o ano finda
não a minha vida
mesmo assim não sei de onde
este medo nas entranhas
e a chegada vã de doenças estranhas
preparo o site caso eu morra
os blogs os livros as redes sociais
(corro as camisetas e feliznatais)
e todo ano corvo
(novo e de novo e de novo)
me preparo e não morro
19/12/2023
15/12/2023
mubi
e não me acho
as palavras socorrem
ascendo à luz
a igrejinha da janela da casa da minha tia
irmã da minha vó
que fazia café doce em coador de pano
casada com titidinho
onde eu estive?
por quantos anos nunca me achei?
busco na idealização de um encontro (ela)
até que a morte nos separe
ou até que o Felizes para sempre
fuja pela janela?
14/12/2023
enfim
que são poetas que não escrevem?
colido livros com falta de vontade
desta sopa nasce o vídeo ou o videogame
morto em telas percorro o tempo
esperando o futuro que repetirá o mesmo:
- sou incurável de mim